Mundialmente conhecido por seus projetos de trance Wrecked Machines e Growling Machines, Gabe agora dedica todo o seu talento também ao techno. Os resultados foram quase imediatos: selos como Emfire/Renaissance (de Sasha) e Bedrock (de John Digweed) já assediam suas produções!
Gabriel Serrasqueiro (foto) é dessas pessoas que falam pouco e fazem muito. Só por este motivo, já merece um bom crédito. Assumidamente tímido, porém muito talentoso, o DJ e produtor contou à Electro M.A.G. que chega a passar cerca de 24 horas dentro de seu estúdio, pesquisando e produzindo música. E a gente descobriu que dá resultado!
Gabriel ganhou prestígio na cena mundial através de seu projeto Wrecked Machines, considerado o maior nome do
psytrance brasileiro, chegando a figurar na 55ª posição do ranking de artistas mais populares da música eletrônica do mundo em 2006.
Mas o assunto central desta matéria é sua investida pesada em um novo projeto, agora de techno, tech-house e minimal techno. Batidas menos aceleradas, bastante conceito e a qualidade final de áudio de sempre.
Intitulado simplesmente Gabe, o novo projeto já apresenta ótimos resultados, dentre eles o lançamento de um primeiro álbum – ainda sem título e sem previsão de lançamento -, no qual ele está absolutamente imerso neste momento.
O novo percurso pelos “low bpms” já inclui diversas parcerias importantes, com nomes como Ido Ophir, Riktam, Dimitri Nakov, D-Nox & Beckers e Christian Smith. Não por acaso, conquistou a atenção de ninguém menos do que Sasha e John Digweed – dois monstros da eletrônica mundial. Ao lado de Dimitri Nakov, Gabe assinou remixes para Coma, de Sasha, e Move, de John Selway. Com Riktam, lançou o ótimo Sea Monster EP. Seus lançamentos atingiram as primeiras posições do site referência de venda de música digital, o Beatport, e entraram nos cases dos maiores nomes da cena.
A surpreendente repercussão internacional de suas novas faixas remete ao sucesso de suas incursões pelo trance. Prova disso é a nomeação de Gabe para a categoria DJ Revelação no prêmio mundial DJ Awards 2009, de Ibiza, em que disputa o prêmio com nomes como Ellen Allien, Minilogue, Popof e Anderson Noise. Ele parece nem dar muita bola pra tudo isso, como você pode conferir nesta entrevista exclusiva!
Electro M.A.G.: O que o levou a criar um projeto de techno, tech-house e minimal techno? Afinidade com o som dos clubs ou necessidade de se manter no mercado?
Gabe: Desde o início da minha carreira como produtor eu já produzia outros estilos de som. Eu nem sabia o que era house, techno, psytrance, apenas produzia freestyle. Até hoje não me prendo a nenhum estilo. Faço o que me dá vontade na hora.
Electro: Os primeiros resultados obtidos no techno o deixaram surpreso? O lançamento do remix de Park It In The Shade, de Sasha, foi o primeiro grande resultado desta nova empreitada? Como foi a repercussão do remix dentro e fora do Brasil?
Gabe: Fiquei realmente muito surpreso! E a repercussão foi tão boa que rendeu mais um remix logo depois, da faixa Coma, do próprio Sasha, e também o contato com o John Digweed, para o qual estou trabalhando em um remix, a ser lançado por sua gravadora, a Bedrock.
Electro: Dimitri Nakov, além de parceiro no novo remix que vocês fizeram de Coma (Sasha), é um amigo de longa data? Vocês sempre costumam trocar figurinhas e partilhar idéias no estúdio?
Gabe: Sim, conheço o Dimitri há muitos anos. Já passamos por vários estilos musicais e ainda estamos em constante evolução. Estamos sempre em contato, tanto como amigos, como no trabalho e diversão.
Electro: Não está na hora de termos um álbum do Gabe? Já está planejando para que isso aconteça?
Gabe: Sim! Já estou produzindo o álbum. Está com mais ou menos 30 minutos de produção. Vou tentar produzir um álbum com uma hora e meia, passando por vários estilos, mas mantendo a mesma linha. Por enquanto vou manter segredo sobre os detalhes.
Electro: Fora o já conhecido assédio de selos como Sprout (de D-Nox) e Emfire/Renaissance (de Sasha), que outros labels já demonstraram interesse por suas novas produções?
Gabe: Bedrock, de John Digweed, Tronic, de Christian Smith, e vários outros labels menores – muitos da Austrália, Europa e do Japão.
Electro: O que representa a indicação para o prêmio DJ Awards 2009, de Ibiza, na categoria DJ Revelação? Você se considera um DJ tão bom quanto o produtor que é?
Gabe: Não sei o que representa essa premiação. Na verdade, não me apego muito a isso. Se ganhar, vou ficar feliz, claro. Mas não sei até que ponto são reais todos esses awards que existem por aí. Considero-me um bom DJ sim, depende muito da festa e das fases da música eletrônica.
Electro: O prêmio já é um indício de uma carreira internacional que deve se consolidar em breve? O que você almeja fora do Brasil?
Gabe: Espero poder mostrar minha música para a cena mundial, assim como consegui com o psytrance. Quero quebrar barreiras e me posicionar como um bom produtor brasileiro sem rótulos.
Electro: Você sempre teve uma postura um tanto quanto séria no palco, de intensa concentração. A disciplina é o segredo do sucesso de seu trabalho
Gabe: Eu sou um cara que não tem tanta disciplina assim. Vamos dizer que sou um pouco tímido – daí a postura tão séria. Depende muito do lugar, do dia, das pessoas. Eu acho que o segredo é ter ousadia e ser original.
Electro: Atualmente, Gabe é o codinome ao qual você tem dedicado mais tempo no estúdio? Como costuma ser a sua rotina de trabalho?
Gabe: Sim, fico no estúdio praticamente 24 horas, sempre produzindo e fazendo pesquisas.
Electro: Que tipo de música e que produtores/bandas você costuma ouvir quando não está trabalhando?
Gabe: Escuto de tudo, para me manter antenado sobre o que está rolando no mundo. Hoje em dia tenho ouvido muita música brasileira.
Electro: Qual foi o último e qual será o próximo lançamento que promete botar o Gabe mais vezes nos CDJs mundo afora?
Gabe: O último lançamento foi o remix que fiz para a faixa Cala Boca, dos alemães D-Nox & Beckers – a faixa atingiu uma posição muito boa nos charts do Beatport. Quanto aos próximos, tenho alguns lançamentos previstos pela Bedrock, Sprout e Tronic. E, claro, o álbum que pretendo terminar o quanto antes.
Por Guigo Monfrinato – Foto por Gabriel Wickbold